quarta-feira, 11 de novembro de 2009

The Fernandez Challenge

Um novo jogo, contando com a ajuda e apoio preciosos de Mariana Fernandes (leitora deste blog): a Mariana diz uma palavra aleatória, e eu tenho de escrever uma pequena história sobre/ com/ baseado no que ela disse. A primeira palavra foi “pudim”. A história que saiu foi esta:


Felãn, o pudim, sentado à prateleira do supermercado, olhava para baixo e despia com os olhos as caixas de gelatina. Que maravilhosas. A de morango era sem dúvida uma das mais apetecíveis, mas a nova gelatina que chegara à uma semana, de framboesas, ganhava pontos na sua imaginação. Lilás, exótica, transparente e tremeliques. Felãn imaginava o pacote a abrir-se num rasgo sonoro, e o pacotinho de pó a sair lá de dentro com uma arrastada sensualidade. Felãn, entusiasmado, não tirava os olhos das embalagens. Imagina todos aqueles pacotinhos de pó a sair sensualmente das caixas, como sugestivos convites à luxúria açucarada. Conseguia imaginar os pacotinhos a abrirem-se, puxando-se uns aos outros numa orgia de movimentos bruscos e impacientes. O pudim ao seu lado olhava igualmente babado para a nova embalagem de gelatina de framboesa.

- Que corante… Que transparência… - murmurava, também ele dando largas à imaginação.

Os pacotes agora abertos despejavam-se sobre uma tigela de água, como cataratas luxuriantes. Uma nuvem de pó alastrava-se em todas as direcções. Os pós contorciam-se. As tigelas arrastavam-se em passadas largas e determinadas para a um frigorífico aberto. Entraram, a porta fechou-se. Felãn, de água na boca, esperava impaciente. A porta abriu-se, e de lá saíram as tigelas coloridas, todas lilases, espelhadas, de corada e irresistível transparência. Para Felãn, era a loucura. As gelatinas caminharam na sua direcção, agitando-se, provocando-o com o seu abanar entusiasmado que nenhuma pudim podia sequer imitar da forma correcta. Era agora, ai vinham elas, agitavam-se tão perto…

Uma mulher e uma criança com um pacote de chapéus para aniversários na mão aproximou-se, e empurraram todos os últimos pacotes de gelatina que havia na prateleira para dentro de um carrinho. Felãn viu as gelatinas afastarem-se, em desespero. Ao longe, do outro lado da prateleira, sua mulher Felana chamava-o com gritos histéricos de mulher ciumenta. O sonho acabou.

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3 comentários:

Paulo39 disse...

Erro ortográfico em: "...a nova gelatina que chegara à uma semana..."
É 'há' e não 'à'.

Pequena gralha em : "...para a um frigorífico aberto."

Incoerência (ou foi de propósito?) em: "Lilás, (...), transparente..."; "- Que corante… Que transparência…"; "...de corada e irresistível transparência..."
Talvez a palavra mais correcta fosse translúcida em vez de transparente.

Xuxu disse...

Olha lá! Até me ofendes! Fernandes é com S no fim oh!

Renato Rocha disse...

Paulo39:

É o que dá escrever às tantas da noite, e não se pago para reler o que escrevo. Isto vem com erros e tudo. A revisão vem a caminho, e agradeço as correcções!