domingo, 8 de novembro de 2009

Mudança de opinião

Reconheço com modéstia que mudei de opinião, e que fui rápido demais a opinar sobre o Referendo sobre o Casamento Homossexual.

Reformulando, portanto: Para mim não há cá referendos. Não há forma de tornar legítimo um referendo cujo resultado pode muito bem forçar sobre uma minoria a vontade de uma maioria. Os que não concordam com o casamento homossexual terão a sua opinião, mas azar. As opiniões pessoas de nada servem para justificar uma descriminação desta natureza, a não ser que haja realmente algo objectivo que prove que o casamento homossexual é um poço de horríveis consequências para a sociedade.

Trata-se de uma liberdade básica, e acho que ainda vivemos num estado democrático.

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2 comentários:

Paulo39 disse...

Não sou contra o casamento entre homossexuais. Mas encontro algumas incoerências no teu raciocínio.

1. "Não há forma de tornar legítimo um referendo cujo resultado pode muito bem forçar sobre uma minoria a vontade de uma maioria."
Não é isso que acontece em todo e qualquer referendo??

2. "Os que não concordam com o casamento homossexual terão a sua opinião, mas azar."
Isto não parece nada, mas mesmo nada democrático!!

Já agora pergunto-te: E como é? Casamento entre pais e filhas, mães e filhos, irmãos e irmãs, JÁ!!
Eles não são como os outros? Porque não se podem casar? Porquê esta descriminação?
Qual é a tua opinião neste caso?

Aguardo uma resposta, para continuarmos este debate.

Renato Rocha disse...

1. Acontece, tens razão; mas só quando num referendo se está a tratar uma situação em que o direito da minoria pode de alguma forma influenciar negativa ou positivamente a maioria. Tal como disse no post, resta apresentarem-me um argumento decente. De que forma é um perigo que esta minoria obtenha este direito? Se a maioria tiver uma RAZÃO, é uma coisa; só assim se torna legítimo colocar na maioria os direitos da minori (por exemplo, se houvesse um referendo sobre a mutilação genital em crianças; acho legítimo forçar sobre uma minoria a vontade da maioria, uma vez que a maioria tem uma razão objectiva, e os resultados do referendo podem ser medidos objectivamente. No caso do casamento homossexual, só acho legítimo referendar um direito de uma minoria se a maioria tiver uma boa razão para o fazer.

2. Não acho que tenha de ser democrático; aliás, nenhum referendo o será. Não acho democrátivo que, em 100 pessoas, 49 tenham de fazer algo que não querem porque 51 assim o decidiram. No entanto, não acho que um direito dos homossexuais possa ser uma questão de democrática. Se estamos a definir democracia como a vontade da maioria, então voltamos ao meu argumento anterior: qual a legitimidade da maioria, neste caso, de proibir uma minoria de fazer algo que apenas tem que ver com as suas próprias vidas e em nada prejudica ninguém? É a famosa "ditadura da maiora". Entretanto, enquanto não houver pelos "Nãos" um argumento que seja minimamente decente, não os trato com maior respeito do que a qualquer retrógada intolerante.

Em relação ao casamento entre pais e filhos, irmãos e irmãs... É uma pergunta interessante, se bem que não ache que comparar o casamento entre homossexuais com o casamento entre uma mãe e um filho faça muito sentido. Não acho que haja uma descriminação no caso dos casamentos incestuosos, há simplesmente uma espécie de código moral e biológico generalizado que evita estas situações. No caso dos homossexuais, no entanto, há realmente uma descriminação. Não tens percentagens significativas da população a reivindicarem o direito de se casarem com o seu pai, ao passo que com os homossexuais isso já acontece.

Sinceramente, não vejo qual é o problema. É incestuoso, claro; e duvido que alguém realmente se queira casar com a sua irmã ou mãe. Não me ocorro nenhum problema com isso, no entanto...

É bem agradável finalmente encontrar alguém com que debater sobre este assunto! Abraço