quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Momento de Poesia: "Honestidade"

É noite
Frio está
Ao longe,
Bem ao longe
As sirenes da polícia
Fazem eco pelos túneis
E circundam as rotundas
Ao longe,
Bem ao longe


É noite
Está calor
As janelas estão fechadas
O aquecedor ligado
O botão avermelhado
Apontando para o 6
Ao perto,
Bem ao perto.


É noite,
Está moderado
Sente ele
Ao sair da cama
E debaixo dos colchões
Sua amante espera
Ao perto,
Agora longe


É de noite,
Entra ele
Na casa de banho
Para urinar
Urina, pois,
Junto à sanita
Ao perto,
Bem ao perto,
Para não salpicar


É de noite,
Está calor
Dentro da cama
E ela espera,
E respira
Depois da actividade
Está despida
Porque vestida
Não dá jeito
Bem ao perto,
Bem ao perto


É de noite,
Moderado
Está fresco na casa de banho
Ele urinou
Lava as mãos
Olha-se longamente ao espelho
Ao seu lado, a escova de dentes
Do marido que não está
Está longe,
Bem ao longe


É de noite,
Está calor
Ela espera aquecida
Por pouco adormecida
Quando ouve a porta abrir-se
Ele entra, aproxima-se
Entra para junto dela,
Bem ao perto,
Tão ao perto

É de noite,
Está muito, muito calor
Ela quer repetição
Ele recusa, diz que não
Tem de ir,
A esposa espera-o
Bem ao perto, bem ao perto


É noite,
Está calor
Os aquecedores ligados
A mulher, no andar de cima
Espera o seu vivido amor
Foi em viagem de negócios
Está longe,
Bem ao longe


É de noite,
Está frio
A amante manda-o ao sítio
Ele sai da cama quente
De repente
Veste-se e vai
Fica longe, bem ao longe


É de dia,
Está calor
A mulher acorda sorrindo
Ao seu lado tem dormindo
O marido que ama
E perto,
bem ao perto
No andar de baixo
A amante adormece
Sozinha


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