domingo, 21 de fevereiro de 2010

A religião torna as pessoas melhores

Hoje estava a chegar a alvalade pelo Metro, que uso frequentemente, e vi acontecer uma situação nada rara.

Vinha um moço atrás de mim, e atrás dele uma mulher que pareceu ser sua mãe. Encostei o meu passe à maquineta e as portas automáticas abriram-se. Passei. Ao olhar para trás, reparei na proximidade entre o rapaz e a senhora e, esperando o inevitável, fiquei à espreita.

Fatal como o destino, o miúdo encostou o passe à máquina e a sua mãe, com um à-vontade e uma lata que denotavam experiência naquele tipo de atitude, passou coladinha ao filho por entre as portas automáticas. Foi óbvio que não se tratou de uma situação do estilo "O meu passe não está a funcionar, por isso passámos os dois"; a falta de qualquer troca de palavras entre os dois e a absoluta organização nos movimentos revelava treino.

À mãe faltou-lhe rapidez, as portas fecharam-se, e o filho voltou atrás para forçar as portas e soltar a mãe presa; isto tudo passando-se a alguns metros de um dos revisores (que, diga-se de passagem, demonstrou uma total falta de profissionalismo ao ignorar a situação).

Pensei o que penso sempre que vejo tal situação. Que lata tem esta gente, e principalmente, que irresponsabilidade, ao ensinar a uma criança uma atitude tão deplorável e desonesta. Oh bem. Há que seguir em frente.

Segui, mas não pude deixar de reparar que o moço e a senhora, agora já na rua, se encontraram com um homem e seguiram caminho pelas mesmas ruas que eu. Indo atrás deles, decidi desviar-me da minha rota habitual para ver onde se dirigiam as personagens.

Foi, portanto, engraçado reparar que dali a uns cinco minutos estavam a entrar descontraidamente numa das muitas igrejas que existem em Alvalade. Há que apontar aqui a estranha ironia. Alguém que vai à igreja aos Domingos ouvir a palavra de bondade e honestidade do Senhor e, para isso, negligencia a educação dos seus filhos e fá-los participar em roubo (sim, para mim andar de metro sem bilhete é roubo, para mim e para qualquer pessoa com cabeça) é alguém que não sabe bem onde estão as suas próprias prioridades; muito menos parece tomar grande atenção aos ensinamentos bíblicos de respeito e honestidade em relação ao próximo.

Não conheço aquelas pessoas, e depois desta atitude pouco interesse teria em conhecê-las; mas sim, posso julgá-las. Se vão com convicção à Igreja e, pelo caminho, roubam para lá chegar, então são exemplos horríveis da sua própria religião, quanto mais de cidadania e respeito.

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