domingo, 27 de junho de 2010

100 mulheres católicas, Sem Mulheres Inteligentes

Mais de cem mulheres católicas pedem a António Bagão Félix que se candidate à Presidência da República, certas de "não existem em Portugal muitas pessoas com a capacidade de representar um povo maioritariamente católico", num "tempo particularmente perigoso" em que "os valores parecem tornar-se absurdos, em muitos casos alvos a abater".

Eu devia estar em hibernação quando Portugal se transformou num país onde o catolicismo é um critério tão importante numa pessoa que lhe pode custar uma eleição. Ou, pior, parece ser agora possível formar um movimento que diga com seriedade que os católicos não se sentem representados, ou por outras palavras a religião de uns deve ser questão política.

Escolher um candidato pela sua religião (porque o próprio nome do movimento evidencia o porquê de toda esta iniciativa) é simplesmente absurdo. Parece-me ser do senso comum que a última coisa que queremos é ter um Presidente com uma agenda católica, ou muçulmana, ou de qualquer outra religião simplesmente porque nunca poderá garantir a parcialidade e objectividade que um representante de todo o país deve ter. Não é suposto o Presidente representar só a maioria do país e borrifar-se para o resto.

Num país ideal, um Presidente da República é escolhido pelas suas capacidades, pelo seu currículo, pela sua integridade ou pelas ideias que coloca em cima da mesa; e nunca, nunca, nunca um grupo de pessoas se reúne para colocar uma crença pessoal do candidato à frente de qualquer outra coisa.

E obrigado aos católicos portugueses por continuarem a achar que eles merecem representação política mas o resto da população não.


(link original: http://www.publico.pt/Política/cem-mulheres-catolicas-apelam-a-candidatura-de-bagao-felix_1442257 )

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