quinta-feira, 24 de março de 2011

Cuidado com a desinformação

Hoje abri o Facebook e vi dois links de duas pessoas diferentes para duas fraudes igualmente hilariantes. A primeira, que aliás já referi aqui, é o "trabalho" de um cientista japonês que (só e apenas ele e a sua comunidade de especialistas em Medicina Alternativa) descobriu que a água responde a estímulos humanos como a música ou as palavras bonitas. A segunda, um link para uma "notícia" que nos informava da morte de uma mulher que comeu camarão e Vitamina C e que, ao misturar estes dois elementos, produziu-se no seu estômago uma forma de arsénico natural que a vitimou.

As pessoas vão colocando este tipo de conteúdos na Internet com ávido interesse e vontade de partilhar com os amigos; e assim se multiplica informação errada. O primeiro caso é uma simples fraude científica; o segundo, uma mentira fácil de comprovar e que vai circulando pela net em forma de e-mail. A quem tiver dúvidas, sugiro uma pesquisa decente sobre os dois assuntos. Parece-me lógico que quem partilha estes conteúdos não perde cinco minutos a perguntar-se a si próprio se aquela "notícia" mirabolante e fantástica será mesmo verdade; e volta a partilhá-la, com aquele fascínio infantil do miúdo que vê o ilusionista a retirar um coelho da cartola.

Já defendi aberta e longamente uma perspectiva realista e racionalista do universo aqui neste blog, e não quero de todo perder tempo a repetir a ladainha. Lanço apenas um apelo à curiosidade genuína e à criação da dúvida. Confirmem as coisas antes de as apregoarem a toda a gente que conhecem. Assim evita-se que má informação ganhe terreno, e luta-se por uma sociedade mais informada. Temos, com a Internet, a possibilidade de levar a educação sobre uma série de assuntos a uma infinidade de pessoas. Aproveite-mo-la como deve ser, pelo amor de deus.

3 comentários:

What disse...

Devias vir assistir a uma ou outra aula minha de Design de Informação. O prof aborda muitas vezes estas coisas do poder do link...
Hei-de te mandar alguns links de leitura sobre o assunto.

As aulas são às sextas das 11h às 14h.

Anónimo disse...

Olá, nada sei sobre a questão da senhora que morreu, mas não sei em que se baseia para dizer que o trabalho de Masaru Emoto, sobre a água, é uma fraude.

Ele tem feio uma pesquisa que não é realmente científica nos cânones tradicionais, mas deixe que lhe diga que não há hoje em dia nada mais falacioso do que a ciência...

Muitos cientistas mais não são do que think thanks e opinion makers pagos pelas multinacionais para legitimar todo o tipo de produtos nocivos ao homem.

Sob a capa credível da ciência elevada a verdade absoluta, tanta mentira e manipulação se esconde sem que ninguém ouse questionar este santo, nem mesmo quando se lhe adivinham os pés de barro em alguns dos "milagres"...

Renato Rocha disse...

Caro Anónimo,

Se há quem apoie as multinacionais, como defende, é uma coisa; a credibilidade da ciência como processo é outra. Pode haver cientistas "corruptos", mas a ciência em si, quando bem feita, não é falaciosa. Aliás, tenta sê-lo o menos possível, e diria que é o melhor processo para adquirir conhecimento que temos hoje em dia à nossa disposição.

Parece-me que está a confundir maus cientistas com a ciência em geral; da mesma forma que, havendo maus médicos, isso não faz da medicina uma área de conhecimento mais ou menos falaciosa ou perigosa por si só.

A ciência não é nem pretende ser verdade absoluta, apenas a melhor forma de tentar lá chegar. E, convenhamos, de que forma poderá descobrir se esses cientistas corruptos estão enganados? Com mais ciência!