quarta-feira, 27 de julho de 2011

Samora 31

Samora fazia a barba todos os dias de manhã. Primeiro o lado direito da cara, junto à patilha finamente ajustada, depois descia pela bochecha até junto ao queixo e parava. Ia ao outro lado, à patilha esquerda, descia até ao queixo e parava. Depois o pescoço, de baixo para cima, no sentido contrário ao do crescimento dos pêlos.
- Não chegava ceifá-los, tinha de os contrariar – brincava – Já me conhece.
Depois do pescoço o bigode, no sentido descendente, com cuidado para não cortar o lábio; e só depois a pêra, que procurava tornar o mais suave possível.
- Sara odeia pêlos faciais de qualquer espécie – explicava com seriedade – Além disso, a barba é para os fundamentalistas de esquerda e para as pessoas que não se lavam. Não sou nem um nem outro. Ergo, barba feita. Passe-me o óleo balsâmico.

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