segunda-feira, 23 de abril de 2012

Quem é Renato Rocha?


Renato, muito obrigado por ter aceite esta entrevista.
Isto é para quê? Uma revista?
Para documentação. Estou a investigá-lo. A tentar perceber quem é o Renato Rocha. Pode tentar resumir-se a si próprio em meia dúzia de linhas?
Posso, pois. Ora bem: tenho vinte e um anos, olhos castanhos, cabelo extremamente difícil de cortar e um metabolismo acelerado que me permite perder ou ganhar peso com demasiada facilidade. Sou aquele tipo de pessoa que volta para trás quando trouxe sem querer alguma coisa que não pagou do supermercado. Sou extremamente curioso e desenvolvo facilmente um interesse tão grande por uma tão grande quantidade de assuntos que nunca tenho tempo para me dedicar verdadeiramente a nada.
Mas sei que é um escritor assíduo.
Isso sim. Procuro escrever todos os dias, se bem que nos últimos meses tem sido praticamente impossível.
Algo em especial? Deixe-me adivinhar, escreve um diário onde debita os seus pensamentos e reflexões profundas, incluindo todo o tipo de filosofia barata, melodramática e fatalista típica dos adolescentes.
Pelo contrário. Não que tenha nada contra ser melodramático, acho até que cada um deve encontrar a sua forma de expressão ideal. Só que prefiro as histórias ficcionais, a sátira, etc. Acontece-me com facilidade inventar personagens, temas, lugares, situações, e escrevo sobre eles. Às vezes não consigo adormecer porque a minha criatividade liga o piloto automático e só pára de madrugada. Espero que isto não pareça pretensioso.
Cá agora. E onde podemos ler essas suas histórias?
No meu blog. Quer que diga o endereço?
Não sei, o blog é seu.
trajectoria-aleatoria.blogspot.com. Basta ir ao Google e pesquisar “Trajectória Aleatória”, em princípio aparece logo.
Considera que o seu blog é uma boa representação do Renato Rocha?
Isso terá de perguntar a quem me conhece bem. Mas tenho mais estabilidade mental do que poderá parecer ao leitor comum, e sou uma pessoa mais carrancuda e séria do que esta entrevista pode deixar transparecer.
Sei que tem um interesse profundo por certos temas, como ciência e religião.
Sim, é verdade.
Quer ser mais específico? Fale-nos do seu interesse particular em biologia evolutiva, ou talvez sobre a forma como lhe fascina a religião como um processo natural e comum a todas as civilizações.
Para alguém que faz  as perguntas parece-me muito bem informado. Você já sabe tudo sobre mim, caramba. O que quer que lhe diga?
Fale-me agora sobre desporto. Gosta de desporto?
Não.
Nem de futebol? Toda a gente gosta de futebol.
Pois eu não gosto.
Mas sei que há um desporto de que gosta…
Vá, diga lá. Está mortinho por dizer!
Homem, tenha calma. Eu só estou a tentar estimular uma conversa.
Eu não preciso cá de estimulações. Faça-me uma pergunta imparcial, sem segundas intenções, que eu respondo. Agora se é para estar a responder por mim vou-me embora e você fica aqui sozinho a escrever uma entrevista a si próprio.
Há algum desporto de que goste, assim só por acaso?
Sim. Gosto e pratico danças de salão.
Isso é aquelas coisas que vemos na televisão com os senhores afeminados a mandar as senhoras ao ar?
Mais ou menos. Digamos que as danças de salão são mais exigentes e fisicamente desafiantes do que muita gente pensa. Actualmente encontro-me em pré-competição e a dar aulas a iniciados na modalidade.
Isso é fantástico. Voltemos à sua escrita. Como é a sua rotina de trabalho?
Não existe. Sempre que tenho tempo e vagar sento-me numa cadeira, ligo o computador, começo a mexer os dedos e mexo-os até ter escrito o que quero até ao fim.
Qual é o seu maior defeito como escritor?
Total ausência de poder de síntese. Veja bem, ainda agora podia ter dito “escrevo demais” mas não: disse especificamente que tenho uma “total ausência de poder de síntese”.
Aliás, nem se nota nada pelo tamanho desta entrevista. Tem algum momento da sua carreira como escritor amador que gostasse de partilhar com os nossos leitores?
Ah, mas isto agora tem leitores?
Pode ter, por isso é melhor fazer boa figura.
Uma vez participei num concurso literário na minha escola secundária e ganhei o primeiro lugar. Toda a gente fez uma grande festa. Depois vim a descobrir que tinha sido o único a participar.
Ena, grande bronca. E não contou a ninguém?
Contei, mas ninguém se importou. Para os meus amigos e família era como se tivesse ganho o Nobel.
E para além de escrever como ocupa os seus tempos livres?
Com imensas coisas. Adoro ler. Gosto de estar com a minha namorada e de dançar. Gosto de correr...
Não me diga que usa uns daqueles calções fininhos que se agarram às nádegas...
Gosto de conversas interessantes, gosto de comer e gosto de ignorar provocações parvas. Gosto de ver bom cinema através de mecanismos em relação aos quais prefiro não me pronunciar.
Qual é a sua opinião quanto à pirataria?
Próxima pergunta.
Como vê o futuro?
Com cartas de Tarot. Ou búzios. Conhece outra maneira?
E o que vê assusta-o?
Meu caro, eu estava a ser sarcástico.
Ah.
Sabe tanto sobre mim e não sabe que estou a ser sarcástico?
Você diz isso cá com uma cara...
Suponho que o que queria perguntar era se o futuro, como se adivinha neste momento, me assusta. Era isso?
Era pois.
Sinceramente não lhe sei dizer.
Que resposta... Qual é para si o emprego perfeito?
Um em que me paguem para fazer algo que goste.
Um momento especial?
Ler à beira mar.
Uma recordação feliz?
Os Verões da minha infância.
Elvis ou Beatles?
Beatles.
Praia ou montanha?
Dentro de casa.
Cães ou gatos?
A minha tartaruga.
Você deve estar a brincar comigo. Sabe o que é uma dicotomia?
Sei.
Então responda lá decentemente. Cães ou gatos?
Gatos, pronto.
O que dizem os seus olhos?
Han?
Deixo-lhe a última palavra.
Não tenho grande coisa a acrescentar, sinceramente.
Sendo assim ficaremos por aqui. Renato Rocha, muito obrigado por este bocadinho.
De nada, eu é que agradeço a oportunidade. 

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