segunda-feira, 21 de maio de 2012

O Mark e Eu


Estava eu a dormir tranquilamente quando o telemóvel começou a tocar. Atendi: era o Mark.

- Estou, Renato?

Sempre odiei a forma como pronunciava “runâutô”.

- Sou eu, sim. Qué que queres? Estava a dormir.

- Ouve-me.

E começou a chorar. Disse-me que estava à espera da minha prenda de casamento, que ainda não tinha chegado à Califórnia. “Fogo”, pensei eu, levantando-me da cama com um salto. Esquecera-me completamente de pôr o vaso de porcelana no correio. E agora?

- Mas a coisa não chegou aí? 

- Qual coisa? – fungou o Mark.

- Comprei-te um vaso de porcelana lindíssimo – disse eu, a olhar para o embrulho em cima da mesa da sala – Sacanas dos gajos do correio!

- Nunca pensei que a minha amizade significasse tão pouco para ti – disse-me ele, toda ofendida.

- Eu compenso-te, pá. Dá-me uns segundos.

Pousei o telemóvel, fui até ao Facebook e criei uma página dedicada ao Trajectória Aleatória. Mandei-lhe o link por e-mail. Voltei ao telemóvel.

- Ora vai lá ao teu e-mail.

Ele foi e voltou.

- Eia, oh Renato. A sério. Que honra! Obrigado! Obrigado!

- Tem calma, pronto. Vá, beijinhos à Priscila.

- Priscila, o Renato manda-te beijinhos! - pausa - Ela manda-te um beijinho também.

- Vá, adeusinho.

Desliguei e fui dormir. 

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