domingo, 3 de junho de 2012

A mania das conspirações


Dois amigos estavam a beber café e um deles explicava ao outro o poder que o seu chefe tinha na empresa. Quem mandava naquilo não eram os trabalhadores, muito menos a legislação laboral; o tipo fazia o que queria.

Um terceiro amigo chegou, explicando que conhecia o patrão do outro. Era um pãozinho sem sal; tinha era conhecimentos no Ministério.

Um quarto amigo aproximou-se e esclareceu que no Ministério não mandava ninguém senão o Ministro, um tipo de passado obscuro e sempre acusado disto e daquilo.

Um quinto companheiro chegou entretanto e, com um sorriso, acusou todos os outros de ingenuidade: o Ministro era apenas um peão numa complexa teia de influência que chegava até aos mais altos cargos de quatro empresas privadas.

Um sexto amigo, de cerveja na mão, lembrou que essas quatro empresas não possuíam por si só qualquer poder ou autonomia; eram todas elas propriedade de uma multinacional.

Um sétimo amigo recordou um livro que lera há pouco tempo: a multinacional de que falavam sem conhecimento de causa era na verdade apenas uma das subsidiarias de um banco de investimentos imensamente poderoso, com sucursais em todos os países e mais alguns, e que movia grande parte do dinheiro mundial: toda a gente sabia disso.

Um oitavo amigo riu-se; não sabiam os seus companheiros que esse banco era inócuo? Tratava-se apenas de um dos tentáculos de uma seita secreta à qual pertenciam apenas os mais influentes homens do mundo.

Um nono amigo resolveu entrar na conversa, que aliás considerava disparatada; essa seita secreta não era secreta já que todos a conheciam. Na verdade, tratava-se de uma cortina de fumo para um grupo de interesses enraizado em todos os governos, jornais, televisões e sistemas económicos mundiais, controlados por indivíduos que ninguém conhecia e com desconhecidas formas de actuar, aliás impossíveis de registar exactamente por serem secretas. 

Um décimo amigo levantou a voz, orgulhoso, e interrompeu todos os outros: não saberiam eles que tudo isso era uma fantochada? Os verdadeiros donos do mundo eram uma espécie de répteis alienígenas, aliás responsáveis pelas pirâmides, pela Ilha de Páscoa e pela Muralha da China, que conduziam os destinos humanos desde os primórdios da História.

Os outros nove amigos riram a bom rir: aquele parvo sempre tivera a mania das conspirações. 

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